De tempos em tempos, vou colocar textos sobre violão neste blog. Alguns serão fruto de reflexão, outros surgirão a partir de dúvidas de alunos e de internautas. A promessa de ano novo é fazer isso ao menos uma vez por semana. Começamos com respostas a três perguntas.

Tenho dúvida quanto à postura do polegar da mão esquerda. Acabo pressionando muito contra o braço do violão, entortando pra trás o dedo, e acabo sentindo dores na mão esquerda. Como devo fazer para melhorar minha postura do polegar?

O ideal é que o polegar só encoste no braço de violão levemente. Você deve usar a musculatura do braço e das costas, a mesma que você usa pra se manter em pé quando um ônibus freia, pra sustentar o braço no ar, jamais apoiar o polegar no violão.

O primeiro passo é verificar se o violão está com o tampo num plano perpendicular ao solo. Muitos iniciantes têm o hábito de inclinar o tampo para ver as cordas. O correto para ver as cordas, assim como os nossos colegas do violoncelo, do violino, dos mais variados instrumentos de sopro fazem, é tocar em frente a um espelho.

Com o violão nesta posição que o Carlevaro recomenda, fica mais fácil evitar o vício de pendurar o braço no violão usando o polegar. Em alguns casos mais extremos, que o aluno já viciou muito intensamente nisso e só se policiar não resolve, já pedi pra ele passar talco na parte de trás do braço, tornando-o escorregadio. Isso ajuda a lembrar que o polegar deve apenas acariciar o braço do violão, jamais se apoiar neste. E, caso tente se apoiar, escorregará.

Gostaria de pudesse passar algum exercício fundamental para ganhar velocidade e limpar a execução correta do trêmolo.

Uma das maiores dificuldades do tremolo, ou trêmulo, ou trêmolo, está nele exigir uma velocidade mínima alta. Sem ser capaz de atingir uns 60 bpm pelo menos nem dá pra brincar de trêmolo. Os tremolos que encantam as pessoas costumam ser na casa de 69 a 80 bpm. Então, o primeiro passo é atingir esta velocidade mínima. Note que oito fusas a 60 bpm é o mesmo que quatro semicolcheias a 120 bpm.

Então, o primeiro passo é conseguir tocar quatro semicolcheias a 120 bpm nas famosas configurações possíveis de trêmolo: pami e pimi. E isso você só consegue estudando arpejos. Sem tocar na posição mais natural, com um dedo em cada corda, estas combinações de dedos na velocidade mínima exigida, o trêmolo é tão inatingível quanto tentar fazer uma aeronave apenas com peças recicladas de um ferro velho. Se você for um gênio, e estiver no ferro velho certo, vai ser a exceção. Mas a regra é isso ser impossível.

Outro detalhe importante do trêmolo é que ele exige ou que o m tenha um leve acento, ou que os dedos ima soem exatamente iguais. Qualquer acento no i ou no a vai transformar o que deveria ser uma melodia contínua num tamborim de escola de samba. Você deve incorporar isso no estudo de arpejos prévio: tocar tanto com um leve acento no m, quanto com ima soando iguais. Estudando arpejos desta forma até atingir 120 bpm a transição para o trêmolo deve ser tranquila e você vai começar a tocar bem mais rapidamente.

Quando toco forte, a mão fica dura e não consigo tocar rápido. Como corrigir isso?

A velocidade demanda leveza. Ao querer empurrar muito a corda para obter mais som, esta força e movimento extras comprometem a velocidade. É importante ser capaz de fazer a dinâmica apenas aumentando o tamanho do movimento, jamais adicionando tensão muscular. Isso consiste em simplesmente mover pouco o dedo para obter uma dinâmica pianíssimo e mover bastante, quase fechando a mão como se fosse fazer um punho, para tocar em forte.

F = m.a (força é igual à massa multiplicado pela aceleração). Ao mover mais, é preciso ser mais rápido. Aumentando a aceleração, aumenta a força na corda. É mais complexo que isso, na real, mas estou simplificando pra ficar mais fácil de entender. A massa nunca muda. Só a aceleração. Movimentos curtos são mais lentos, movimentos longos são mais rápidos.

Portanto, a melhor forma de corrigir isso é manter a leveza no toque, mantendo a tensão muscular inalterada ao tocar forte, buscando aumentar a dinâmica apenas aumentando o tamanho do movimento. Nas primeiras tentativas é possível que você note uma piora na pontaria da sua mão direita. Mas com algum tempo de prática esta dificuldade será superada.

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